Os segredos para crescer, segundo o clube dos ricos
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que reuniu o seu conselho de ministros anual em Paris no final da semana passada, veio dizer que há um caminho de crescimento de saída desta Grande Recessão.
Apontou aos seus 31 membros e a mais um grupo de convidados quatro políticas para haver luz ao fundo do túnel: “crescimento verde”; alavancar a inovação; recusar o proteccionismo no comércio internacional; combater concertadamente a evasão fiscal.
Dois escolhos
No entanto, reconheceu, antes destas quatro saídas do clima recessivo, que há dois escolhos maiores: a fase actual de crise de dívida em grande parte dos seus membros (vários deles com problemas de probabilidade de default da dívida soberana) e o horizonte de uma dinâmica de crescimento do produto interno bruto sem criação líquida de emprego (o que tecnicamente, no economês anglo-saxónico, se designa por jobless recovery ou jobless growth).
A OCDE, um “clube” de ricos e quase-ricos a que Portugal pertence, considera que o combate à crise da dívida é um fio de arame onde se exige um grande equilíbrio: saber dar prioridade ao que se deve manter como despesa pública, realizar uma reforma fiscal “amiga” do crescimento e manter “políticas activas” no mercado de trabalho (nomeadamente a formação e reciclagem em competências e saberes).
Três alavancas de crescimento
Quanto às políticas de crescimento, a OCDE espera em 2011, na próxima reunião ministerial, apresentar um relatório de síntese sobre o que entende, na prática, por “crescimento verde “. Adianta que continuar as políticas de eficiência energética é indispensável e que se deve avançar com iniciativas que desactivem os subsídios aos combustíveis fósseis.
A inovação é outra linha insistentemente repetida pela OCDE. As orientações são conhecidas: políticas fiscais “amigas” da inovação, desenvolvimento do empreendedorismo e criação de novas empresas e fomento da investigação pública e das redes de conhecimento global.
Quanto ao comércio internacional, a OCDE sublinha que, desta vez, apesar da gravidade da Grande Recessão, e ao contrário do que ocorreu em grandes crises anteriores no século XX, não se assistiu a uma vaga de proteccionismo, com uma verdadeira guerra de tarifas, como se temia. A OCDE insiste em que se deve manter uma política mundial anti-proteccionista, que favorece o crescimento global, recomendação que foi apoiada também pelos países já convidados para aderir à organização, bem como por Hong Kong e China, presentes nesta reunião ministerial anual.
Apesar de mais de meio milhar de medidas avulsas já implementadas pelos diferentes governos no mundo desde a primeira cimeira do G20 em Novembro de 2008 e de alguma retórica política proteccionista, monitorizadas pelo Global Trade Alert , a epidemia proteccionista dos anos 1930 não foi repetida.