Segunda, 25 de Novembro de 2024 Adrego & Associados – Consultores de Gestão

Constâncio pede “novas medidas” para reduzir o défice de “forma convincente”

O Governador do Banco de Portugal alertou hoje que Portugal tem que fazer o necessário para evitar recorrer à ajuda financeira da União Europeia e do Fundo Monetário Europeu, pelo que terá que adoptar “novas medidas que, de forma convincente, reduzam o défice orçamental deste ano e do próximo”.

Vítor Constâncio, numa declaração enviada à imprensa, deixa vários recados, sendo que o primeiro passa pela necessidade de os países que têm sido mais pressionados pelos mercados, não “interpretarem erradamente” as medidas aprovadas pela União Europeia.

“Recai agora sobre eles, incluindo Portugal, a responsabilidade de corresponder às medidas decididas a nível europeu, acelerando a redução dos seus défices orçamentais”, refere o Governador do Banco de Portugal, que no próximo mês assume o cargo de vice-presidente do Banco Central Europeu.

Deste modo, Vitor Constâncio alerta para o perigo de estes países abrandarem o ritmo de consolidação orçamental, dado a União Europeia ter aprovado a criação de um fundo com mais de 700 mil milhões de euros para socorrer países em dificuldades.

Pelo contrário. “A mudança do clima internacional tornou inevitável, como disse há dias, que o nosso ajustamento tenha que ser agora ‘mais abrupto, mais rápido e mais severo’”, alerta Constâncio, considerando que “Portugal deve fazer por si próprio o necessário para evitar ter que recorrer aos mecanismos financeiros de empréstimo agora criados e que implicariam a negociação de um programa envolvendo também o FMI”.

No âmbito do acordo atingido entre os líderes europeus, Portugal e Espanha comprometeram-se a acelerar o corte do défice, tendo para isso que tomar novas medidas. Portugal prevê agora cortar o défice deste ano para 7,3% do PIB e para 5,1% em 2011, sendo que para atingir tal objectivo, o ministro das Finanças português admite aumentar impostos.

Tais medidas estão agora dependentes do encontro entre o primeiro-ministro e o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, no âmbito do entendimento entre o Governo e o maior partido da oposição no programa de redução do défice.

Vítor Constâncio reforça a necessidade de as tomar. “Torna-se necessária a adopção de novas medidas que, de forma convincente, reduzam o défice orçamental deste ano e do próximo, visivelmente mais do que se encontrava previsto no nosso Programa de Estabilidade e Crescimento”, refere o Governador do Banco de Portugal.

Constâncio considera contudo que o “trabalho de casa” não cabe apenas ao estado. “O país tem de aumentar a sua taxa de poupança, começando por acelerar a consolidação das Finanças Públicas, como condição para atingir um crescimento económico mais significativo a médio prazo”, conclui.

in Jornal de Negócios