Efacec cresce nos EUA e quer chegar ao “top ten”
Grupo nacional abre fábrica modelo na Geórgia e espera facturar mil milhões até final do ano
A Efacec elegeu o Estado que viu nascer dois dos principais ícones dos Estados Unidos – a Coca Cola e a CNN -, para instalar a sua nova unidade de transformadores. Inaugurada ontem, segunda-feira, em Effingham, “foi um caso de amor à primeira vista”, disse o governador da Geórgia, Sonny Perdue, que participou na cerimónia ao lado ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.
Para o também ministro de Estado, a abertura de uma indústria como a que a Efacec construiu no pólo industrial da pequena cidade do Estado da Geórgia representa “um passo importante no processo de internacionalização” da empresa de electromecânica.
Por seu lado, o presidente executivo da Efacec, Luís Filipe Pereira, considerou que a nova fábrica é, também, uma oportunidade de “replicar os negócios” já desenvolvidos em Portugal pela empresa.
A multiplicação referida por Luís Filipe Pereira abrange áreas tão diversas quanto o transporte ferroviário, a engenharia e as energias renováveis (ver entrevista ao lado).
No imediato, os esforços estão concentrados no desenvolvimento da nova unidade de Effingham, que representa para o grupo um investimento total de 180 milhões de dólares. Na fase de arranque, são pouco mais de 100 os funcionários mas “até 2015 devemos empregar directa e indirectamente à volta de 1500 pessoas”, disse ao JN Luís Filipe Pereira. “Exemplo de internacionalização”, como referiu Teixeira dos Santos, a fábrica norte-americana da Efacec deverá contribuir para um aumento de facturação até ao final deste ano na ordem dos mil milhões de euros.
A performance relativa ao ano passado situou-se nos 880 milhões. É também mais um passo rumo à conquista de um lugar no “top-ten” dos produtores mundiais de transformadores. “Estamos ainda longe desse objectivo, mas a fábrica abre–nos novas perspectivas no mercado internacional”, disse ao JN o director da área de negócio de transformadores da Efacec, Francisco Almada-Lobo.
Talvez nessa altura a empresa possa regressar à Bolsa. A hipótese do regresso foi admitida em conferência de imprensa por Pedro de Mello, representante do grupo Mello que, com a Têxtil Manuel Gonçalves, detém a Efacec em partes iguais.
Em ambiente de festa, portugueses e norte-americanos recordaram o caminho até ao dia de ontem e enumeraram as contrapartidas que levaram a Efacec a optar por se instalar na Geórgia: o Estado cedeu o terreno para a fábrica, construiu o ramal ferroviário privativo, que permitirá escoar os transformadores (para o mercado interno dos EUA nesta fase), e participou na formação dos quadros norte-americanos da empresa.
Situado num parque industrial desafogado nos arredores da cidade de Savannah, as origens do empreendimento não se fazem notar apenas nas bandeiras hasteadas à porta da moderna unidade. No chão, o logótipo da Efacec foi gravado a branco e negro em calçada portuguesa por pedreiros alentejanos da zona de Beja.
‘Queremos participar numa quinta solar”
[Luís Filipe Pereira, presidente-executivo da Efacec]
Em que campo das renováveis pretende a Efacec actuar nos Estados Unidos?
Estamos à procura de oportunidades nos Estados Unidos relativamente ao solar e ao vento e, para isso, estamos a negociar a nossa entrada numa empresa de cá.
Em que termos se vai desenvolver essa aquisição?
O nosso interesse é não só participar na empresa como, sobretudo, participar na parte industrial de uma quinta solar. Ou seja, nós conseguimos garantir o funcionamento de uma unidade desse tipo, à imagem do que já fizemos em Portugal.
Dentro de quanto tempo saberemos se há ou não negócio?
Não quero adiantar muito sobre o assunto, mas dentro de dois meses saberemos se avançamos ou não.