Mudança do paradigma na relação Cliente – Fornecedor
Os primeiros Sistemas de Gestão e por directiva dos grandes clientes davam enfoque na qualidade, com a série 9000, sendo a sua implementação imposta por estes, ou por organismos que exigiam a sua implementação.
Os Fornecedores viam estes Sistemas de Gestão como forma de pertencerem ao painel de fornecedores, procurando a todo o custo a dita certificação. Este processo normalmente não era acompanhado por uma efectiva integração total destes procedimentos, e as pessoas nas empresas viam este processo de certificação como uma exigência que não acrescentava valor, trabalhando muitas vezes de forma paralela para as auditorias, desvirtuando o verdadeiro intuito destas certificações. Os processos de aculturação destes princípios de gestão só eram verdadeiramente integrados passados alguns anos.
Entretanto, dá-se um volte face no nível de competitividade do mercado, exigindo-se às empresas muito mais que somente a certificação e o seguimento dos procedimentos, passava-se a exigir às empresas resultados operacionais efectivos, conducentes à sua sustentabilidade no mercado, constituindo uma garantia de continuidade na parceria Cliente – Fornecedor, e tornando o processo comercial mais eficiente e eficaz.
Sabendo isto, muitos gestores, com reais dificuldades competitivas nas suas organizações, lançavam de forma pontual e não sustentada alguns métodos e ferramentas que iam desde o TQM, 5S, SMED, TPM de forma não integrada e concertada, gerando rapidamente frustrações nos gestores e nas equipas, pela dificuldade em sustentar estes procedimentos, criando dificuldades futuras nas acções de implementação de metodologias e boas práticas de gestão.
Paralelamente, com a exigência de um desempenho eficaz e eficientes das empresas, de forma a garantir a sua sustentabilidade, a sociedade agora mais informada começa a exigir outras preocupações sociais e ambientais, no âmbito das quais surgem as normas de gestão ambiental com o referencial ISO 14001 e a gestão da saúde segurança e higiene no trabalho com o referencial das normas OHSAS 18001.
As empresas clientes, de forma a transmitir ao mercado a imagem por este exigida e como garantia do fortalecimento da relação cliente – fornecedor, com as vantagens que daí advêm, começa a exigir a implementação dos sistemas de garantia da qualidade, mas também a garantia sustentável dos sistemas de produção e as consequências no tecido envolvente, tanto ao nível do ambiente com da higiene e segurança traduzindo as preocupações do mercado.
Com a complexidade de metodologias, procedimentos, normas e referenciais urge a necessidade natural de concertar todos estes sistemas de forma integrada, a que se denomina o Sistema de Gestão Integrada, que busca o objectivo comum do cliente e do fornecedor para atingirem ambos a excelência no mercado.
Senão, vejamos o exemplo da indústria automóvel, em que cada vez mais os departamentos de qualidade tem vindo a ser extintos, passando a Qualidade a ser vista como parte intrínseca de todo o processo, o que só é realmente alcançável com os sistemas integrados. Passamos, assim, a ter vários vectores de actuação da qualidade, a qualidade processo, a qualidade desenvolvimento o autocontrolo, etc.
O Sistema de Gestão Integrada focaliza todas as actividades da empresa num objectivo comum, em que agora um produto é analisado desde a concepção até à sua produção, devendo respeitar tanto as especificações técnicas, como as especificações ambientais e de saúde e segurança no trabalho, além de garantir os níveis de produtividade esperados aquando da adjudicação.
Assim, e através da integração dos Sistemas de Gestão, o três vectores de desempenho Qualidade, Custo e Serviço (QCS) passam a ser uma consequência natural do efectivo cumprimento das boas práticas.
O desempenho operacional, assente em Sistema de Gestão Integrados, visa também salvaguardar o cliente no tempo de vida útil do produto ou serviço, além de garantir a sustentabilidade a longo prazo do entendimento e cumprimentos das necessidades do cliente, assegurando a sustentabilidade a longo prazo da parceria cliente – fornecedor.
Este não é um sistema utópico, pois o que se busca não é cumprimento de lei em decretos ou regulamentos, nem mesmo o cumprimento puro e simples dos referenciais para nos posicionarmos como fornecedores. O que importa aqui é alcançar uma visão socialmente englobante. Ou seja, alcançarmos sociedades mais justas e equilibradas, com empresas mais equilibradas, que assim se manterão mais independentes da volatilidade do sistema financeiro.