Calçado investe e conquista quota a italianos e espanhóis
Por cada um dos 629 milhões de pares de sapatos exportados, a indústria contou com 8,8 cêntimos de incentivos.
Em tempo de crise, invista. Ou pelo menos invista mais do que os seus mais directos concorrentes. Esse parece ser o lema dos industriais do calçado que, entre 2000 e 2006 (últimos dados disponíveis), investiram cerca de 66 milhões de euros na modernização das suas estruturas empresariais, o que corresponde a uma média anual de 14,8% do valor acrescentado bruto (VAB) do sector. Em contrapartida, no mesmo período, a Itália investiu 9% do VAB e a Espanha 7,8%.
Para a Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) é esta postura diferente dos vários países que serve de explicação para o facto de “a indústria portuguesa de calçado ter conquistado, de forma sustentada na última década, quota de mercado, nomeadamente na produção, aos seus dois grandes concorrentes internacionais”.
Mas estes são apenas os valores referentes aos investimentos em modernização. A APICCAPS salienta que “a promoção comercial externa tem sido a grande prioridade das empresas nacionais desde o início deste século” e que a estes valores acrescem, só nos últimos três anos, 25 milhões de euros na participação em eventos internacionais. Este ano, o plano de promoção internacional do sector prevê a participação em 76 feiras e a organização de quatro missões de prospecção ao mercado angolano, líbio, mexicano e tunisino, envolvendo um total de 140 empresas num investimento global de nove milhões de euros. De 2 a 5 de Março estarão 79 empresas representadas na Micam, em Milão, naquela que é classificada como a maior feira de calçado do mundo. Seguem-se presenças em Paris, Dusseldorf, Madrid, Moscovo e São Paulo, entre outros certames profissionais.
Tendo o esforço de investimento da indústria sido apoiado por fundos comunitários, como o POE, Prime ou QREN, há que ter em conta que cada um dos 629 milhões de pares de sapatos exportados entre 2000 e 2007 recebeu um incentivo de 8,8 cêntimos.
Não se pense, no entanto, que Portugal foi o campeão do investimento europeu. Na verdade, a Bulgária e a Eslováquia investiram mais, respectivamente, 19,4% e 17% de média anual do VAB. A instalação de multinacionais nos dois países, refere fonte da APICCAPS, “justifica este boom”.
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