Crise orçamental na Europa pode levar 20 anos a ser superada
A crise orçamental que assolou severamente vários países europeus pode levar dez ou mesmo vinte anos a ser completamente superada e exigirá um processo de ajustamento “extremamente doloroso” que, no curto prazo, exigirá “sacrifícios inevitáveis” sobre os salários.
A advertência foi hoje feita pelo economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, em entrevista ao diário italiano “La Repubblica”.
“O saneamento orçamental é mais fácil nos países que podem desvalorizar sua moeda. Nos países que não têm essa opção, é legítimo dizer que a redução (dos défices) será extremamente dolorosa”, avisa Blanchard, num recado dirigido aos países do euro.
Em sua opinião, “sacrifícios sobre os salários serão inevitáveis” caso estas economias queiram “recuperar a competitividade”, e dificilmente se poderá evitar o aumento de impostos, acrescenta, repetindo uma recomendação que, recentemente, endereçou especificamente a Portugal, Espanha e Grécia.
Blanchard antecipa um processo doloroso e longo, prevendo que as crises orçamentais obriguem a uma concertação de esforços que poderá ter de perdurar durante “mais de dez ou mesmo 20 anos”.