Aveiro: “Queremos crescer mais no exterior”
Empresas tecnológicas reclamaram, ontem, no Parque de Exposições de Aveiro, mais apoio público para alargar o seu negócio ao mercado externo.
Uma mudança no apoio público prestado aos projectos de internacionalização das empresas do sector TICE (Tecnologias de Informação, Comunicações e Electrónica) foi a tónica das intervenções dos empresários que, ontem, reuniram, no Parque de Exposições de Aveiro.
Segundo Pedro Fraga, da ANETIE (Associação Nacional das Empresas das Tecnologias de Informação e Electrónica), a “sectorialização” desses apoios é “condição essencial”. “O país não pode olhar para os projectos de todos os sectores da mesma forma”, sublinha, lamentando ser “zero” o apoio directo do Governo para a localização de produtos. “E a contrapartida a esse apoio seria a criação de mais emprego, estável e de qualidade”, alega o empresário.
Pedro Fraga falava no seminário promovido pela associação que integra e pela INOVARIA (Associação de Empresas para uma Rede de Inovação em Aveiro), em parceria com o Pólo de Competitividade TICE.pt.
O evento integrou um conjunto de acções que decorrem até ao final deste ano, visando promover a presença das empresas TICE no estrangeiro.
Paulo Nordeste, presidente do TICE.pt, anunciou um dos objectivos deste pólo para fomentar a estratégia de internacionalização do sector. “Vamos tentar reunir um número considerável de empresas tecnológicas portuguesas para ter uma representação conjunta do país, na CEBIT (a maior exposição comercial do mundo neste domínio)”, explica o ex-presidente da PT Inovação, referindo que o resultado esperado dessa participação assenta na “obtenção do maior número de contactos possível de potenciais clientes” para os produtos e serviços aí apresentados.
“Importante é que se façam negócios com tecnologia portuguesa”
De acordo com a intervenção de Paulo Nordeste, não restam dúvidas de que “para competir e ganhar neste sector, é preciso ter uma presença no mercado internacional e o trabalho em rede é a única forma de garantir a massa crítica necessária para atingir tal objectivo”.
João Lacão, director-geral da Multisector, baseando-se nos resultados de um inquérito aplicado a empresas no ano passado, revela que 60 por cento das inquiridas já realizam negócios no exterior. A este respeito, Pedro Fraga acrescenta que, “em 2011, todas as empresas auscultadas nesse inquérito pretendem operar no mercado externo. Que outro sector em Portugal apresenta um número destes?”, deixa a questão.
Outra das conclusões que se pode retirar da apreciação das respostas consiste no facto de a dimensão das empresas não interferir na sua internacionalização, “apesar de ser mais preponderante nas grandes”, acrescenta.
Actualmente, os mercados preferenciais são os PALOP (pelo número de empresas aí instaladas) e os países da UE (pelo volume de negócios).
De acordo com João Lacão, em 2011, o volume de negócios no exterior representará quase 450 milhões de euros, o que equivale a 38 por cento do total do volume de negócios e traduz um aumento de quase 90 por cento em relação a 2008.
“É necessário que as empresas unam esforços; os números demonstram que esse é o caminho para o sucesso”, defende o empresário, acrescentando: “O importante é que se façam negócios, onde quer que seja, com tecnologia portuguesa”.