Segunda, 25 de Novembro de 2024 Adrego & Associados – Consultores de Gestão

Calçado português à reconquista da Europa

Os empresários do sector do calçado mostram-se optimistas relativamente a 2010. Fala-se de “um novo fôlego”, do “regresso de velhos clientes, após experiências mal sucedidas na Ásia” e “de mais encomendas”.

Em Berlim, o antigo aeroporto de Tempelhof foi transformado durante três dias num parque de exposições para acolher as principais marcas de moda internacionais e apresentar as tendências do próximo Outono-Inverno num cenário criativo, onde cabem aeronaves suspensas no tecto ou, até, um carrossel.

Ao todo, a Bread & Butter, considerada a mais prestigiada feira de moda do mundo, juntou entre terça e quinta-feira 650 expositores, entre os quais seis marcas de calçado portuguesas, integradas numa das 80 acções da nova campanha de promoção externa da APICCAPS – Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, que em 2010 aposta em algumas feiras de nicho para continuar a afirmar Portugal como um centro de competência à escala mundial.

É um caminho que as empresas nacionais percorrem recorrendo cada vez mais ao registo de marcas, modelos e patentes, o que permitiu subir o preço médio do par de sapatos na exportação para os 20 euros e colocar Portugal entre os países produtores com preços mais altos.

Só em 2009, foram criadas 25 novas marcas, 233 modelos e três patentes. Nos últimos sete anos, o sector do calçado registou 115 marcas de calçado nacionais, 42 comunitárias e 21 internacionais.
Aposta na exportação

Assim, em Berlim, a Fly London, do grupo Kyaia, lançou a sua colecção de vestuário, assumindo-se como a primeira empresa portuguesa de calçado com uma estratégia de total look, enquanto a A. J. Sampaio apresentou a sua nova marca Eject Black e a Prophecy.

A Harlot (Fábrica de Calçado Meigo) reafirma a vontade de continuar um caminho dedicado 100% à exportação, com sapatos vendidos a preços que variam entre os 140 e os 240 euros. A Nobrand (Máximo Internacional) mostra como a marca própria vai ganhando quota na sua produção, canalizada em 98% para o mercado externo, onde ainda pontuam clientes como a Cavalli ou a US Polo.

Quanto à Swear, que forneceu sapatos para o filme “Guerra das Estrelas”, surge renovada, com um novo projecto também internacional para os seus sapatos, desenhados em Londres e produzidos em Portugal.

Em comum, os empresários do sector mostram-se optimistas relativamente a 2010. Depois da queda de 8,7% nas exportações de calçado, para os 1,087 mil milhões de euros, fala-se de “um novo fôlego”, do “regresso de velhos clientes, após experiências mal sucedidas na Ásia” e “de mais encomendas”.

“O ano está a arrancar bem. Há boas perspectivas. As fábricas, neste momento, têm muito que fazer. Precisamos de subcontratar e não há disponibilidade no mercado interno”, diz mesmo Fortunato Frederico, presidente da Kyaia e da APICCAPS.
Seguros de crédito preocupam

Mas também há preocupações, como é fácil perceber pela referência comum aos seguros de crédito. Depois dos problemas registados no ano passado, os empresários aguardam, agora, com expectativa, o Orçamento de Estado, confiantes de que “trará boas notícias e um aumento dos plafonds”, diz Fortunato Frederico.

Em Berlim, estão, também, presentes três marcas portuguesas da indústria de vestuário, todas dentro do espírito da Bread & Butter, a aliar tendências de moda e estratégias de marketing para atrair visitantes aos seus espaços.

No caso da Salsa, esta marca privilegiou um globo gigante e usou as suas calças de ganga azul para encher o centro da terra e o espaço dos oceanos. A Throttleman atrai muitos dos visitantes que passam no seu corredor com a oferta de pipocas, enquanto a Read Oak optou por oferecer fruta fresca.

* Jornalista do Expresso viajou a convite da APICCAPS

in ExameExpresso