Segunda, 25 de Novembro de 2024 Adrego & Associados – Consultores de Gestão

Quando o “Iceberg” se transforma num “oceano vermelho”

A década de 90 do século passado ficará indubitavelmente ligada à história como a “era da globalização”.

Alavancada na revolução das Tecnologias de Informação e Comunicação, na revisão dos acordos do comércio internacional e na abertura aos princípios da economia de mercado por parte dos países de Leste da Europa e da Ásia, a globalização estendeu, célere e silenciosamente, os seus tentáculos aos mais diversos sectores da nossa sociedade, entre os quais a nossa economia.

As grandes empresas, fortemente envolvidas nos ambientes internacionais e servidas por estruturas de quadros superiores, rapidamente percepcionaram as mutações que ocorriam, e se adivinhavam, na sua envolvente competitiva externa, de imediato ajustaram os seus modelos de negócio, estruturas e filosofias de gestão, de modo a, não só se protegerem das ameaças que essas mutações representavam, mas sobretudo potenciarem as oportunidades que as mesmas ofereciam. Seria certamente outro o estado de saúde da nossa economia se esta fosse, maioritariamente, constituída por essas grandes empresas.

O problema, ou não, é que noventa e muitos porcentos (não interessa para o caso o número preciso) das empresas que constituem o nosso tecido económico são micro, pequenas ou médias, responsáveis por semelhante percentagem de grandeza do emprego criado pela nossa economia. Empresas que, atendendo, na maioria dos casos, à debilidade das estruturas de apoio ao empresário, que detém proeminentemente o domínio técnico do negócio, não se aperceberam que, por força das mutações referidas e do “aquecimento” que estas provocavam no seu ambiente competitivo, o Iceberg (mercado) em que viviam e do qual se alimentavam, porventura há muitos anos, progressivamente vinha descongelando, ao ponto de algumas (muitas) já terem desaparecido, incapazes de sobrevirem no “oceano vermelho” em que se transformara o que outrora fora o seu iceberg e outras lutarem diariamente pela sua sobrevivência naquilo que dele ainda resta.

Mas afinal o que falhara?

Porque é que o iceberg que tinha subsistido durante tantos anos subitamente desaparecera? Simplesmente porque a envolvente muda a cada dia… porque o clima competitivo se alterou… porque nada é eterno. Falhara o empresário que, absorvido pelas inúmeras solicitações de que é alvo diariamente em resultado da função de “faz tudo” que assume na organização, não se apercebeu dessas alterações / mudanças e das feridas que elas iam pouco a pouco causando no ser iceberg. E pior, o empresário não teve ninguém que por ele percepcionasse e o alertasse para aquelas alterações, que interpretasse os impactos que elas iam tendo no seu desempenho e a partir daí projectasse no tempo as suas consequências, que o sensibilizasse para a necessidade de mudança de hábitos a que as mesmas aconselhavam, ou ainda simplesmente que o induzisse, quiçá, a procurar sustentadamente novos icebergs.

Enfim, falhara o empresário ter acesso, em tempo útil, a informação fidedigna sobre a sua envolvente interna e externa, para a partir dela traçar e monitorar estratégias, objectivos, metas e acções para potenciar as oportunidades e combater as ameaças, criando deste modo o seu “oceano azul”.

in gestão.org nº 1_ Jan.’10

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