Portugal está fora do risco de incumprimento
Os oito países da União Europeia com maior grau de probabilidade de falência são a Letónia, Lituânia, Roménia, Grécia (membro da Zona Euro), Hungria. Bulgária, Irlanda (membro da Zona Euro) e Estónia. Portugal não se encontra neste grupo nem mesmo no de risco médio, situando-se em 41º lugar num conjunto de 63 países acompanhados, com uma probabilidade de falência inferior à da Polónia, Espanha, Itália e Reino Unido.
À escala mundial, a lista dos cinco piores é liderada pela Venezuela, seguida pela Ucrânia, Argentina, Letónia e Islândia. Quanto aos casos mediáticos recentes, o Dubai encontra-se em 6º lugar, a Grécia em 10º e a Irlanda em 18º.
A lista foi, agora, divulgada pelo Global Sovereign Credit Risk Report publicado pela CMA DataVision, que coloca os países de maior risco acima de uma linha de água de 10% de probabilidade de falência (cumulative probability of default, CPD) nos próximos cinco anos e de 150 pontos base mais do que a referência usada pela empresa.
O trio de maior risco
Os três casos mais graves – Venezuela, Ucrânia e Argentina – tinham diferenciais acima dos 1000 pontos base e probabilidades de falência no próximo quinquénio perto ou acima dos 50%.
Portugal tinha uma probabilidade de apenas 6,2% e um adicional de 74 pontos base em relação à referência usada pela CMA – menos de metade do caso irlandês ou quase 1/3 em relação à Grécia. Não integra sequer o rol de países que tiveram o pior desempenho entre 30 de Setembro e 14 Dezembro, datas dos relatórios mais recentes: Reino Unido (que viu o diferencial em pontos base crescer 78%), Grécia (que agravou 77%), Estados Unidos (66%), Abu Dhabi (54%), o emirado que salvou o Dubai, e o Japão (48%).
Os países mais “seguros” na lista de 63 países acompanhados, segundo a CMA, estão situados na Europa do Centro e Norte: a Noruega, que está fora da União Europeia (UE), e que é considerado o país mais seguro, e depois quatro membros da UE, Alemanha, Finlândia, França, Holanda e Dinamarca, que apresentam notações de risco triplo A (o melhor rating) e probabilidades de falência inferiores a 2,6%. A Alemanha, Finlândia, França e Holanda pertencem à Zona Euro.
Tema principal em 2010
Segundo David Kotok, da Cumberland Advisors, a questão da dívida pública vai ser o grande tema de 2010, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos, tendo em conta que 75% da dívida combinada de todos os países do mundo está indexada ou ao dólar ou ao euro.
Kotok não prognostica “uma avalancha de falências de países” nas zonas influenciadas pelo euro ou pelo dólar. Comentando a lista da CMA, ele sublinha que acompanha com maior preocupação casos “isolados” na América Latina, como a Venezuela e a Argentina (recorde-se que este país viveu uma falência estrondosa em 2001), bem como países-charneira do shatterbelt geopolítico europeu, como a Ucrânia.
O economista Kenneth Rogoff, professor de Harvard e co-autor de um recente livro sobre a história de crises financeiras, teme que uma vaga de falências possa ocorrer daqui a dois anos, quando os países que, por ora, servem de guarda-chuva protector dos mais aflitos, tiverem de se voltar para o saneamento das suas próprias economias.