Empreendedores precisam-se para enfrentar os próximos anos
Internacionalização e redução de custos internos das empresas foram os temas em destaque no «Dia do empresário e empreendedorismo», no passado dia 3 de Dezembro, organizado pelo Clube de Empresários de S. João da Madeira, para assinalar o seu 4.º aniversário.
Testemunhos de vários empresários marcaram a sessão, que decorreu no Centro Empresarial e Tecnológico.
O que é que nós podemos fazer de diferente? – esta foi a questão que a administração da Viarco colocou a si mesma na altura de apostar na internacionalização. E para José Vieira, o responsável pela empresa, a presença dos artistas junto da Viarco, que produz lápis com máquinas antigas – algumas do século XIX –, foi e é essencial. Criatividade tem sido a base do trabalho da Viarco cá dentro e fora dos limites do território nacional, onde, se não se tiver um produto inovador, diferente, dificilmente se conquista mercado.
Diziam “as boas práticas da gestão” a Vieira que à data em que assumiu a Viarco que deveria colocar a “fábrica velha” abaixo, vendendo os terrenos (numa zona central da cidade de S. João da Madeira) e conseguindo dinheiro. Mas a posta foi outra: “mudar o ângulo de visão”. A “fábrica velha” resistiu, assim como as máquinas velhas, já consideradas “arqueologia industrial”, e o marketing entrou em acção. Criaram então 500m2 de ateliers para artistas, que ganharam um espaço para trabalhar e desenvolver os seus projectos e em troca são as “cobaias” da Viarco, porque experimentam os artigos da única fábrica portuguesa que faz lápis e dão “ideias iluminadas” à empresa. Desta relação nascem e renascem muitos produtos que a Viarco hoje desenvolve e vende lá fora, como é o caso do sucesso mais recente da empresa, o ArtGraf XL, que foi um sucesso no Tent London, no passado mês de Setembro, como ‘Negócios & Empresas – O Regional’ noticiou à data.
“Para exportarmos não temos de ser altamente tecnológicos, temos é de ser criativos”, deixou José Vieira o seu testemunho de internacionalização, contrapondo com o de João Vilaça da Creative Systems. No fundo, a internacionalização de uma empresa difere de sector para sector.
Os produtos que falam
Altamente tecnológica é a Creative Systems, instalada no Centro Empresarial e Tecnológico (CET), que é especialista em “fazer com que os produtos falem” e assim aumentar os ganhos de produtividade e eficiência. O segredo parece ser o uso da tecnologia RFID – identificação por rádio frequência – para optimizar “fluxos de informação”, que lhes têm garantido boa aceitação lá fora.
Esta paper-less company começou por apostar na Galiza para uma internacionalização, pela proximidade territorial e cultural, uma vez que a língua não é grande barreira naquela comunidade espanhola. Mais tarde, seguiram para Madrid, onde instalaram um escritório, que, segundo João Vilaça, apresenta custos mais baratos do que mandar alguém de comboio a Lisboa.
Para este engenheiro, o crescimento da Creative Systems é o resultado da forma diferenciada com que aplicam a tecnologia.
Criatividade, inovação, parcerias com multinacionais e um projecto dedicado a cada produto são as condicionantes do sucesso desta empresa, que neste momento está a contratar uma média de duas pessoas por mês.
Produtos inteligentes
A criação de superfícies inteligentes é o novo desafio da Creative Systems. João Vilaça explicou que a empresa está a desenvolver umas prateleiras inteligentes, que possibilitam que um artigo seja mudado de local dentro de um armazém ou de uma loja, por exemplo, e ninguém lhe perde o rasto. Através do RFID, o computador indica onde está o produto.
Mas um dos casos de sucesso da Creative Systems é a aplicação desta tecnologia na Throtleman e Vicaima. No caso da primeira empresa, o investimento foi avultado, mas o payback aconteceu em apenas seis meses, segundo explicou João Vilaça. Falamos do «Espelho Mágico», uma estrutura que aparentemente é um espelho, mas que reage ao toque do colaborador daquela loja, que ali tem uma importante ajuda ao seu trabalho. No «Espelho Mágico» consegue ver todos os artigos da loja, o que está em armazém, entre muitas outras necessidades. Segundo o engenheiro, o colaborador que recorre ao «Espelho Mágico» consegue vender duas vezes mais.
Já no caso da Vicaima, com sede em Vale de Cambra, o projecto foi a aplicação de um chip em todas as portas produzidas, o que permite saber onde estão e uma maior organização logística.
O reconhecimento por parte dos media foi para João Vilaça um factor importante para ajudar a internacionalização, dando confiança a quem pretende investir.
A “casa dos empresários”
Estes foram dois dos cinco testemunhos de internacionalização de empresas convidadas pelo Clube de Empresários de S. João da Madeira, que na passada quinta-feira assinalou o «Dia do empresário e do empreendedorismo», na data em que comemorou o seu 4.º aniversário.
As várias iniciativas que a associação organizou decorreram na “casa dos empresários”, como apelidou Álvaro Gouveia, presidente do clube, ao CET.
Apresentações relacionadas com a AICEP e os incentivos MERCA e um exercício prático intitulado de «Como ganhar mais dinheiro em 2010 mantendo as vendas de 2009», preencheram também este dia.
Álvaro Gouveia, em comunicado, já fez saber que este evento “constituiu um dia inesquecível de formação empresarial para a meia centena de participantes”.
in O Regional