UE e Mercosul tentarão relançar negociações no Estoril
Luís Amado e o seu homólogo espanhol deverão encontrar-se em Lisboa no início da próxima semana com os chefes da diplomacia do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai para avaliar a possibilidade de serem relançadas as negociações entre a União Europeia e o Mercosul com vista à criação de uma Zona de Comércio Livre entre os dois blocos.
A informação foi hoje avançada pelo ministro português dos Negócios Estrangeiros, segundo o qual o encontro deverá ter lugar à margem da cimeira ibero-americana, que decorre de domingo a terça-feira no Estoril.
“Em princípio, haverá uma reunião ministerial informal entre os países do Mercosul e Portugal e Espanha para fazer um ponto de situação” perante a “suspensão do processo de Doha que abriu espaço para negociações entre blocos comerciais”, explicou Luís Amado aos jornalistas.
O projecto de criar um grande mercado sem barreiras tarifárias entre a UE e os países sul-americanos data do final da década de 90, altura em que se traçou um calendário que previa a abolição progressiva das restrições ao comércio de bens no prazo de dez anos.
O início da Ronda de Doha, com vista a uma liberalização das trocas ao nível mundial, travou as negociações entre os blocos regionais. Mas o grau de entendimento entre europeus e sul-americanos nunca foi muito grande, com os primeiros a reclamarem uma maior abertura aos produtos industriais e os segundos menos barreiras, sobretudo não-tarifárias (designadamente, exigências fitossanitárias) para os seus produtos agrícolas.
O encontro ministerial em Lisboa – que foi precedido há três semanas por uma reunião técnica com peritos de ambos os blocos, também na capital portuguesa – surge numa altura em que não há praticamente esperança de que seja possível concluir, num prazo relativamente curto, a Ronda de Doha.
Com o foco centrado no intercâmbio de programas e experiências na área da Inovação e das Novas Tecnologias, a segunda cimeira ibero-americana organizada por Portugal (a primeira foi em 1998, no Porto), deverá “dar um renovado fôlego às relações com a América Latina”, sublinhou Amado, citado pela agência Lusa, depois de ter participado V Fórum Parlamentar Ibero-Americano, que decorreu na Assembleia da República.
“A América Latina é um espaço que deve merecer a nossa atenção”, acrescentou, frisando que o “aprofundamento das relações com o espaço ibero-americano será um contributo importante para constituir um sistema internacional mais estável”.
Hugo Chávez, presidente venezuelano que entrou numa escalada de violência verbal com a Colômbia, após o acordo militar assinado entre Bogotá e Washington que prevê o uso de sete bases colombianas por forças norte-americanas, é um dos poucos dirigentes que ainda não confirmaram a sua vinda a Lisboa. O mesmo se passa com o cubano Raul Castro.